Tóquio – A variante ômicron se diferenciou da versão original do coronavírus e outras cepas também pelos sintomas. As características típicas da covid-19, como perda do olfato e paladar e febre alta deram lugar aos sintomas mais comuns de gripe, como nariz escorrendo, dor de garganta, espirros, febre leve e fadiga, que também são comuns aos alérgicos.
Com a aproximação da temporada de alergia ao pólen na primavera japonesa, condição conhecida como “kafunsho“, outra preocupação surgiu: os sintomas da alergia são muito parecidos com a ômicron e podem causar confusão para os dois lados.
Como saber se é alergia ou se está infectado pelo vírus? Esta dúvida fez a Sociedade Japonesa de Otorrinolaringologia (JSOHNS, em inglês), emitir um alerta sobre a semelhança das duas condições de saúde.
No dia 25 de janeiro, o aviso publicado no site oficial dizia que ao ter sintomas de alergia, o paciente poderia ter dúvidas se está ou não com a covid-19 e por isso, é importante consultar um otorrinolaringologista.
De acordo com os dados da JSOHNS, 73% dos casos de covid-19 apresentam sintomas de nariz escorrendo e 60% espirram com frequência. Cerca de metade dos infectados também sentem fadiga.
No caso do “kafunsho”, a fadiga também afeta cerca de 50% dos alérgicos. Espirros, nariz escorrendo, dor de cabeça e dor de garganta são alguns dos sintomas em comum da alergia e da variante ômicron. Por isto, o paciente pode ter dificuldade de entender se está com um ou com o outro e acabar confundindo.
E se o indivíduo estiver com covid-19 e alergia ao mesmo tempo, há outro problema: um espirro solta 10 vezes mais substâncias no ar do que a tosse e se for um espirro de alergia misturado com a ômicron, o poder de contágio pode ser ainda maior, de acordo com o alerta.
Mas será que há um jeito de diferenciar os sintomas? Para responder esta questão, a emissora Fuji TV fez uma entrevista com a médica Yurika Kimura, que atende no Hospital Ebara em Tóquio, é membro da Sociedade de Otorrinolaringologia e lidera o grupo de prevenção ao coronavírus.
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Ômicron ou alergia ao pólen
Há muitos casos de pacientes que achavam que estavam com alergia e na verdade era covid-19?
Eu ainda não tive a experiência de atender um caso assim, mas muitos colegas de clínicas de otorrinolaringologia estão reportando esses casos, então acredito que sim.
Podemos dizer que um caso desses é raro?
Ainda não estamos no auge da liberação de pólen e na época mais comum da alergia. Mas podemos prever que quando a primavera chegar e os casos de kanfunsho aumentarem, vamos ter este tipo de problema e não será raro.
Como diferenciar a ômicron da alergia ao pólen?
Primeiramente, quem tiver esse tipo de sintoma e sabe que teve contato com um infectado, deve desconfiar da ômicron. E se tiver febre, provavelmente é ômicron, pois a alergia não dá febre.
Outro sintoma para se cuidar é coceira nos olhos. Esse sintoma é típico da alergia ao pólen, mas não acontece com os casos de covid-19. Além disso, quem tem alergia todos os anos, pode desconfiar mais da alergia. Mas se você nunca teve kafunsho e de repente sente esses sintomas, desconfie do vírus.
O que fazer se não souber diferenciar?
Se estiver na dúvida, o ideal é fazer um exame PCR e uma consulta no otorrinolaringologista para fazer um exame de alergia. No entanto, há clínicas que não estão atendendo esses casos ou dividindo o horário de atendimento dos casos suspeitos de covid e dos pacientes de outras questões.
Por isso, ligue para a clínica primeiro, conte que desconfia do vírus e verifique a possibilidade de marcar uma consulta.