Tóquio – Uma declaração do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, provocou um atrito nas boas relações que o país tem mantido com o Japão.
No início do mês, o presidente norte-americano disse em um evento de arrecadação em Washington, D.C, que o Japão era um país “xenófobo”. Biden comentou que parte dos problemas econômicos do Japão não são resolvidos porque o país não gosta de estrangeiros e tem resistência para acolher imigrantes.
Ele também mencionou a Índia, Rússia e a China e disse que esses países, além do Japão, teriam um desempenho econômico melhor se aceitassem mais a imigração. A declaração foi inesperada e surpreendeu as autoridades do governo japonês.
O comentário pouco amigável de Biden também veio poucas semanas depois de ter recebido o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, para uma visita de Estado. Os dois países são aliados próximos e tem mantido relações duradouras de apoio mútuo.
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A reação ao comentário de Biden
Segundo uma reportagem da Emissora Fuji, o primeiro a reagir foi o secretário-geral do Gabinete do Japão, Hayashi Yoshimasa. Em uma coletiva de imprensa realizada na terça-feira (7), ele disse que a declaração de Biden foi lamentável e mostra que não há compreensão sobre a política do Japão.
O Japão tem sofrido questões graves com a falta de mão de obra, baixa taxa de natalidade e crescimento da população idosa. Além disso, a desvalorização contínua do iene e aumento do custo de vida tem intensificado os problemas econômicos. O governo japonês têm programas de estágios e ofertas de vistos de trabalho para estrangeiros e parte da economia tem sido mantida por trabalhadores que vieram de fora, como os brasileiros, chineses, vietnamitas e filipinos.
Mesmo assim, há resistência em absorver os estrangeiros na sociedade. Muitos vistos são temporários e os filhos de estrangeiros que nascem no Japão não são considerados japoneses. Diferente dos Estados Unidos e do Brasil, países onde as crianças nascidas são automaticamente consideradas como nativas, ainda que sejam filhos de cidadãos estrangeiros.
Hayashi disse ainda que entende o contexto do discurso de Biden e que não foi uma declaração com intenção de trazer algum prejuízo ou desestabilizar as boas relações entre os dois países.
“Os Estados Unidos é um país de imigrantes e o Biden quis reforçar isso, ele quis dizer que os imigrantes tornam a nação ainda mais forte. E neste contexto, percebemos que a declaração não foi direta ao Japão, não teve intenção de prejudicar a importância e a durabilidade das nossas relações”.
Embora tenha classificado como “lamentável” e dito que a fala do presidente norte-americano representa uma falta de compreensão sobre o Japão, o porta-voz do governo japonês não se aprofundou no assunto da imigração e as medidas que o país toma e tem tomado para aceitar e acolher trabalhores estrangeiros.