Pesquisadores da Agência Japonesa de Ciência e Tecnologia Marinhas e Terrestres (JAMSTEC), em parceria com outras instituições, anunciaram o desenvolvimento de um novo material promissor: folhas espessas de papel transparente, feitas a partir de celulose — substância extraída de biomassa vegetal. A inovação surge como uma possível solução sustentável para substituir plásticos, grandes vilões da poluição marinha.
O material é produzido a partir de pó de celulose obtido de fibras presentes na superfície de sementes de algodão. O processo envolve a dissolução do pó em uma solução de água e brometo de lítio, que é aquecida até formar um gel. Esse gel, então, é moldado e seco para dar origem às folhas transparentes.
Segundo os cientistas, o material apresenta resistência comparável à do policarbonato — um tipo de plástico amplamente utilizado em embalagens e objetos de uso cotidiano. Durante os testes, os pesquisadores moldaram o papel em formas de copos e canudos, demonstrando sua robustez e versatilidade.
A transparência do papel é resultado da densa compactação de fibras de celulose em escala nanométrica. Essa estrutura permite a passagem direta da luz sem causar difusão, tornando possível enxergar objetos com clareza até mesmo a 100 metros de distância, mesmo com folhas de 0,7 milímetros de espessura.
Outro destaque do material é sua biodegradabilidade. Para verificar seu impacto ambiental, os cientistas realizaram testes submergindo as folhas no oceano. Os resultados revelaram que, mesmo a 757 metros de profundidade, onde há menos microrganismos, o material foi quase totalmente decomposto em até quatro meses, transformando-se em água e dióxido de carbono.
Atualmente, embalagens de papel são vistas como uma alternativa ecológica ao plástico. No entanto, a falta de transparência tem sido um fator que desmotiva consumidores, que preferem ver o conteúdo antes de comprar. O novo papel transparente pode mudar esse cenário, aliando sustentabilidade, visibilidade e resistência.
Apesar do avanço, especialistas alertam que a produção em larga escala ainda depende do desenvolvimento de fábricas com tecnologia específica para processar o material. A expectativa é que, com o investimento adequado, o papel transparente possa se tornar uma alternativa viável e revolucionar a indústria de embalagens.