Tóquio – O envelhecimento populacional do Japão tem causado também um problema crescente de casas abandonadas. Muitos idosos que morreram, foram para um asilo ou se mudaram para a casa dos filhos, deixaram o local onde moravam para trás.
Em muitos casos, não há cuidado por parte da família, há despesas e a parte emocional de mexer com as coisas dos pais, as lembranças de ter crescido no ambiente. Segundo o Centro de Gestão de Casas e Terrenos Abandonados no Japão (Akiya – Akichi Kanri Senta, em japonês), este é um dos principais motivos do abandono dessas residências.
Os dados do Ministério dos Negócios Internos e Comunicações mostram que, em 2013, o número de casas vazias era 8,2 milhões. Neste ano, o novo levantamento mostrou que agora são 9 milhões e a previsão é que esse número ultrapasse 21 milhões até 2033.
Nos 30 anos que se passaram entre 1993 e 2023, o número de propriedades onde ninguém mora dobrou. Muitas dessas casas seguem tendo um responsável, que pode ser filhos ou netos do idoso que morava no local. Porém, não há manutenção, limpeza do ambiente e nenhuma iniciativa para vender ou demolir e limpar o terreno.
Há também o fato da inconveniência. Muitas casas estão localizadas em cidades pequenas, zonas rurais e afastadas da cidade ou das estações mais próximas. E são cidades que ameaçam desaparecer pela baixa da população. Há uma infraestrutura ameaçada e poucas oportunidades de emprego e renda, o que também dificulta as possibilidades de venda.
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Casas abandonadas em todo o Japão
Muitas pessoas sonham com uma casa própria, se esforçam para conseguir uma e não se incomodariam de poder viver em uma casa que ficou sem dono, reformar e revitalizar os espaços.
E há casas abandonadas por todo o Japão, em todas as províncias e muitas cidades. Segundo os dados do último levantamento do Ministério, que foi divulgado também pela Oricon News, as províncias com mais imóveis em desuso são Wakayama e Tokushima, ambas com cerca de 21,2% do total de propriedades.
Em Yamanashi, perto da icônico Monte Fuji, há cerca de 20,5% de casas onde ninguém mora. Em Kagoshima, no sul do Japão, há 13,6%, em Kochi são 12,3% e em Ehime, 12,2%. Os dados mostram que boa parte dos casos estão na região oeste (nishi) do país, mais do que na região leste (higashi).
Por enquanto, o governo japonês tem levantado os dados periodicamente e tem feito estimativas para o futuro, considerando que a situação da baixa taxa de natalidade e crescimento do número de idosos tende a se agravar. Não há informações sobre possíveis medidas preventivas.
As casas abandonadas não representam apenas um desperdício de moradias que poderiam ser aproveitadas por famílias interessadas. Quanto mais propriedades nestas condições crescem, aumentam os riscos de abandono de lixo, degradação da paisagem, incêndios e ações criminais, tendo essas casas como foco.