Quioto – Não é comum encontrar lixeiras nas vias públicas do Japão e as latas de lixo se limitam aos espaços das lojas de conveniência ou nas laterais das máquinas de bebidas, mas não podem ser utilizadas de qualquer jeito.
As lixeiras das lojas são destinadas ao lixo gerado pelas embalagens dos produtos comprados pelos clientes no próprio estabelecimento e não o lixo que vem de outros lugares. E no caso das máquinas de bebidas, o usuário deve colocar apenas as latas e garrafas vazias nessas lixeiras.
Para os japoneses, é normal. Eles estão inseridos em uma cultura que ensina a levar o lixo para a casa. Nem todo mundo segue essa orientação, mas carregar o lixo consigo é mais estranho e desconfortável para quem vem de fora e está a passeio, o que é o caso dos milhares de turistas estrangeiros no país.
Uma reportagem da Emissora Fuji mostrou a lamentável situação de Arashiyama, uma das regiões mais bonitas e procuradas de Quioto. As belezas de Arashiyama, situada entre a paisagem montanhosa e o rio Katsura, atrai os turistas por si só, mas a região tem vários pontos de interesse aos visitantes.
Há uma floresta de bambus, um parque dominado por macacos selvagens e as ruelas tradicionais, comida típica, templos e santuários. Uma atmosfera de natureza, tradição, história e cultura religiosa do Japão.
O problema é que as poucas lixeiras não estão dando conta de tantos turistas e visitantes. O bairro tradicional tem acumulado lixeiras transbordantes e abandono de lixo em canteiros das avenidas.
O turista que produz algum lixo durante o passeio acaba muito tempo em busca de uma lixeira e quando encontra, não há mais espaço para colocar lixo.
“Eu comprei um café, terminei de beber e estou procurando uma lixeira há bastante tempo, mas não encontro. Tem muitas lojas que vendem coisinhas para se comer enquanto caminha, mas não há lixeiras suficientes”, disse um turista entrevistado pela Fuji.
Ele deu o depoimento em uma avenida movimentada e repleta de restaurantes, muitas pessoas caminhando em ambas as direções, mas não havia uma única lixeira. Para um bairro visitado por 8 milhões de pessoas por ano, a falta de cuidado com o lixo pode causar consequências ambientais e prejuízos aos moradores.
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As lixeiras que foram removidas
De acordo com a reportagem da Fuji, o principal problema de Arayashima, que também é visto em outras localidades do Japão, é a dificuldade do governo local de administrar o descarte de lixo e lixeiras em vias públicas.
No caso de Arashiyama, a avenida movimentada perto da estação local costumava abrigar lixeiras que eram de responsabilidade da prefeitura, mas a administração local não deu conta.
Antes que algum serviço de limpeza pudesse recolher o lixo, as lixeiras já estavam transbordando e caindo na avenida. Por causa deste problema, a prefeitura decidiu retirar as lixeiras em vez de investir em uma serviço de limpeza mais frequente.
“As lixeiras estavam transbordando e causando um problema de lixo abandonado. A gente escutou as reclamações dos comerciantes e moradores e decidimos remover”, disse Kazuma Tadano, responsável pelo Departamento de Serviços Urbanos da Prefeitura de Quioto.
Só que remover as lixeiras não resolveu o problema dos visitantes que acabam com embalagens de sorvete, copos de café e outros lixos em mãos e não encontram um local adequado para descartar.
A conclusão é de que as lixeiras são mesmo necessárias, mas a prefeitura já avisou que a coleta do lixo é complicada, mas não explicou detalhes sobre isso.
“A gente pode colocar mais lixeiras, mas é difícil recolher o lixo. Precisamos da colaboração dos moradores, comerciantes locais e também dos turistas. Se possível, produzir menos lixo e ajudar a recolher, além de buscarmos soluções em conjunto”, disse Tadano.