Nagoya – A Estação de Moto-Kasadera, no sul da cidade de Nagoya (província de Aichi), foi palco de um caso de feminicídio. A triste história que acabou com a morte de uma menina de 18 anos tem repercutido na mídia do Japão.
No último sábado (8), Tsukine Kawamura, de 18 anos, estava esperando o trem quando acabou encurralada pelo ex-namorado, Takuya Minami, de 29 anos. Uma reportagem da emissora Fuji contou que, minutos antes de ser assassinada a facadas, Tsukine chegou a ligar para o número de emergências da polícia aos prantos.
Ela pediu socorro, mas desligou o telefone antes que pudesse responder qualquer pergunta. O departamento verificou a localização de onde veio a ligação e a polícia foi até a estação, mas não chegou a tempo.
A menina levou uma facada no peito dentro da pequena sala de espera na plataforma. Logo depois do assassinato e cerca de 5 minutos antes de encontrarem a jovem, Takuya pulou nos trilhos.
Ele foi atropelado por um trem expresso e morreu na hora. Quando a polícia chegou, a vítima estava coberta por uma roupa que não era a dela. Tsukine foi levada para o hospital, mas teve a morte confirmada horas depois.
O relacionamento conturbado
A Emissora Fuji conversou com uma amiga próxima da vítima, que convivia com ela desde os tempos da escola primária. A amiga não foi identificada, mas deu algumas declarações que sugerem que o relacionamento amoroso era conturbado.
“Ela me contou que tinha terminado com ele recentemente, eu fiquei feliz e disse a ela que agora ela podia passear com as amigas, porque nem isso ele deixava ela fazer”, comentou.
A amiga descreveu Takuya como “extravagante”. E disse que ele realmente aparentava ser bem mais velho do que Tsukine (mais de 10 anos de diferença de idade) e que achava que ele não fazia muito o tipo da amiga.
O homem morava a cerca de 1 km de distância de onde Tsukine vivia com a família. Depois do incidente, repórteres foram até o apartamento dele e encontraram as janelas cobertas por papelão.
A polícia está investigando mais detalhes do caso, como era o relacionamento, os casos de abusos e o comportamento do homem.
Tsukine Kawamura foi atacada na sala de espera da plataforma da Estação Moto-Kasadera. Reprodução / FNN.
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Feminicídio no Japão
Embora o termo feminicídio seja amplamente conhecido e utilizado no Brasil, o Japão ainda não coleta dados específicos sobre assassinatos contra mulheres, motivados por misoginia, objetificação ou violência doméstica.
Em 2021, mais de 17 mil estudantes universitárias assinaram um abaixo-assinado e enviaram ao governo do Japão, pedindo que o país passe a contar as estatísticas de assassinatos e tentativas de homicídios contra mulheres e trabalhe em políticas públicas e leis com mais rigorosidade.
A movimentação das jovens foi motivada por um caso que aconteceu em agosto daquele ano, quando uma estudante universitária foi esfaqueada por um homem dentro de um trem da linha Odakyu, em Kanagawa.
No ano passado, o Japão recebeu uma nova pressão para começar a tratar os casos de feminicídio com seriedade. A ONU (Organização das Nações Unidas), enviou uma solicitação para que todos os países computassem os casos de assassinados contra as mulheres com motivações de gênero.
O Brasil não só registra as estatísticas como também possui leis específicas contra o feminicídio em vigor, mas mesmo assim, enfrenta grandes desafios. O país latino-americano é o quinto com mais casos de violência contra a mulher no mundo.