Tóquio – O ano de 2022 pode ser lembrado pelos trágicos episódios de bebês abandonados no Japão. No dia 10 de setembro, o corpo de um menino recém-nascido foi encontrado na lata de lixo do quarto de um hotel em Shirahama, na província de Wakayama.
Quatro dias depois, a japonesa Momoko Yamada, de 31 anos e que vive em Quioto, foi presa por ter abandonado o filho. E este é um dos casos mais recentes de uma série de episódios lamentáveis.
Em maio, um bebê foi encontrado no vaso sanitário de um hotel na cidade de Sakai, em Osaka. Ele tinha acabado de nascer e ainda estava com o cordão umbilical e vivo, apesar da baixa temperatura corporal. O bebê foi socorrido e está fora de perigo.
Em junho, o corpo de um bebê foi encontrado em uma sacola de papel, deixada em um estacionamento na cidade de Osaka. Erika Yoshida, de 28 anos, foi presa pelo crime e contou que ganha a vida se prostituindo e como estava com dificuldades financeiras e constrangida por sua condição, não foi consultar depois que descobriu a gravidez.
Houve ainda outro caso em setembro, desta vez em um hotel em Nagoya, capital da província de Aichi. O corpo de um recém-nascido foi deixado na sala de encanamentos, envolto por um pano. A polícia prendeu o casal responsável: Yuito Ishibashi, de 21 anos e Kanami Ida, de 20 anos.
Eles contaram que não tinham dinheiro quando a criança nasceu e não sabiam o que fazer.
Houve outro caso em setembro, apesar de parecer algo bem mais antigo. Uma mulher que fazia faxina no apartamento ligou para a polícia depois de encontrar um bebê mumificado em casa. Não há mais informações sobre esse caso.
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Serviço de apoio para salvar os bebês
Em Kobe, na província de Hyogo, uma organização sem fins lucrativos, que visa prevenir estes casos, atende gestantes em dificuldades. A entidade se chama “A Pequena Porta da Vida” (Chiisai Inochi no Doa) e não precisa morar em Kobe para ser atendido.
O grupo atende por telefone, e-mail e pelo aplicativo de mensagens LINE e socorre as mulheres que estão enfrentando uma gravidez indesejada, sem dinheiro, consultas médicas e que podem acabar abandonando a criança após o nascimento.
A líder da organização, Ikuko Nagahara, acredita que este tipo de crime pode ser prevenido com apoio.
“Se essas mulheres nos contatarem um ou dois dias antes, poderíamos reunir todas as nossas forças para impedir o abandono. É um tipo de crime que dá para evitar e podemos proteger essas pequenas vidas”, comentou.
A entidade gerencia uma casa de maternidade que dá suporte para as mulheres que não tem com quem confiar, onde morar ou recursos financeiros. Elas podem se sentir seguras para o parto e receber assistência até o fim.
“Quando um caso desses acontece, a sociedade condena muito a mulher, mas não acho que uma mulher que faça isto tenha algo de diferente. A questão é o sexo despreocupado, a confirmação da gravidez e a dificuldade de contar para alguém, o segredo que vai sendo mantido até este resultado”, explica.
Ikuko sugere que as mulheres sempre procurem ajuda nessas condições, na prefeitura e orgãos da região. “Se você pedir ajuda, eu tenho certeza de que a ajuda virá”.
Contato da organização “Chiisana Inochi no Doa”
*atendimento em japonês
Telefone:078-743-2403(24 horas)
LINE ID:@inochinodoor
Email:inochi@door.or.jp