Osaka – O bullying é uma das grandes causas do suicídio de crianças no Japão e nem sempre os culpados são apenas os colegas de aula. As famílias acabam de mãos atadas quando o pior acontece e só resta buscar por justiça e respostas.
Em alguns casos, os próprios professores, adultos responsáveis pelas salas de aulas, acabam contribuindo com uma situação de isolamento social, pressão, vergonha e por fim, o sentimento de querer tirar a própria vida.
Em uma escola pública ginasial na cidade de Sennan, na província de Osaka, um menino de apenas 13 anos tirou a própria vida em 2022. Ele se chamava Sho Matsunami e na época, estava no primeiro ano.
O Comitê de Educação de Sennan fez a investigação com especialistas de fora e o relatório concluiu que houve bullying de colegas e um professor e que a atitude da escola com relação ao caso foi inadequada.
Os problemas na vida escolar de Sho começaram quando o garoto ainda estava no terceiro ano do ensino primário. Ele pediu ajuda por estar sofrendo ijime (como é chamado bullying em japonês) de colegas de aulas e do professor.
Apesar de ter tentado resolver o problema com a escola e o Comitê de Educação durante várias consultas, nenhuma atitude para protegê-lo foi tomada. O menino parou de frequentar a escola no auge de seu sofrimento e então tirou a própria vida.
A situação da família com a escola foi se agravando e mesmo assim, o Comitê de Educação não aprovou a transferência do aluno para uma escola em outra cidade. Em um caso mais extremo, Sho chegou a ouvir o professor dizer que seu irmão mais velho era um “vagabundo desocupado”, entre outros episódios de agressões verbais.
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A luta da mãe por justiça
A situação não precisava chegar ao ponto que chegou e resultar em uma situação de desespero e busca por justiça. Poderia ter sido diferente caso a escola tivesse tomado providências para garantir que o aluno pudesse frequentar as aulas em paz, sem ser perturbado por colegas e o professor que tinha a responsabilidade de zelar por um ambiente escolar saudável.
Em uma coletiva de imprensa, Chieko Matsunami, a mãe de Sho, apareceu com uma foto do filho e falou diante das câmeras que quer que a escola enfrente a família e não tente empurrar o caso para baixo do tapete.
“O meu filho teve que morrer porque houve um comportamento inadequado por parte do professor durante muitas e muitas vezes. Eu quero que a escola, o comitê e a prefeitura nos enfrente, depois de tudo que nós passamos”, desabafou.
Chieko também alegou que o relatório ficou incompleto e não consta diversas situações que de fato aconteceram com o filho. Ela pede para que todos os fatos sejam averiguados e descritos.
É possível que esse seja mais um caso a terminar nos tribunais, quando a família enlutada inicia um processo na justiça e exige indenização por parte da prefeitura e os responsáveis.
A prefeitura e o comitê pediram desculpas por não terem sido capazes de construir uma relação de confiança entre o aluno e a escola e disseram que irão tomar medidas preventivas para que casos como esse não voltem a se repetir.