Ikunoshima – Não é novidade que a população do Japão está envelhecendo e reduzindo a cada ano por causa da baixa taxa de natalidade. Neste contexto, há muitas cidades, regiões e ilhas que podem ficar inabitadas em alguns anos.
Ikunoshima, uma pequena ilha na província de Hiroshima, teve a sua população reduzida para 8 habitantes, sendo que o mais jovem tem 58 anos. Em contrapartida, os porcos selvagens decidiram migrar do continente, se multiplicaram e dominaram o espaço.
São mais de 100 javalis vivendo na ilha de forma caótica. Eles destroem produtos agrícolas, derrubam muros de pedra e andam corajosamente entre os poucos habitantes, que já se acostumaram a ver os porcos dia após dia.
Segundo uma reportagem da Emissora Fuji, em junho, um grupo de pesquisa da Universidade de Hyogo instalou câmeras com sensores para tentar captar o número de animais. Um registro rápido entre as árvores revelou a presença de oito javalis.
Ikunoshima tinha uma população de 12 habitantes em 2021 e agora, não passam de 8. A ilha fica sob o Mar Interior de Seto e a uma distância de 4 km ao sul da cidade de Takehara em Hiroshima. Não é difícil atravessar de uma ilha para outra por causa da curta distância.
O pesquisador e professor da Universidade de Hyogo, Takeo Kuriyama, explicou como pode ter ocorrido a migração dos javalis.
“As ilhas do Mar Interior de Seto estão muito próximas umas das outras. Eles vieram da ilha de Honshu, foram para Shikoku e atravessaram para as ilhas, provavelmente em busca de um lugar melhor para se acomodar. Quando não há ponte para a travessia, os porcos nadam”, explicou.
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Os javalis e o futuro no Japão
Há 20 anos, não tinha nenhum javali nesta ilha e depois que os primeiros atravessaram, a situação for perdendo o controle aos poucos. Há atividade de caça de um clube na região, mas nem os caçadores dão conta por causa do elevado número de animais e a rapidez com que se reproduzem.
Michiharu Nishino, de 58 anos, é o mais jovem habitante de Ikunoshima e disse que não tem muitas esperanças de parar de conviver com esses animais e os transtornos que eles estão causando.
“Eu vejo os porcos todos os dias e não acho que tenha uma solução radical para isso. Daqui 10 anos, os vizinhos vão estar perto dos 90 anos e vai ficar difícil tomar qualquer atitude. Somos só 8 pessoas, eles são mais de cem”, disse.
O professor Kuriyama alertou que a situação na ilha de Ikunoshima pode ser uma amostra do que vai acontecer no futuro, em outras localidades no Japão.
“Começando por aqui, podemos dizer que o caso de Ikunoshima é uma amostra do futuro que está só começando. Eles vão migrar para as outras ilhas e vão se multiplicar, ocupar os espaços”, alertou.
Espaços que estão cada vez mais vazios pela falta de residentes. Ilhas e pequenas cidades que vão desaparecendo pela falta de habitantes dão margem para o surgimento de animais como os javalis.
E a situação é caótica e preocupante para os poucos moradores que sobram. Além do caos, o ataque às plantações, destruição de cercas, muros e estruturas fragilizadas, os porcos também colocam em risco os idosos que convivem com eles.