Osaka – Um garoto que estava no segundo ano do ensino médio tirou a própria vida depois de uma série de acontecimentos que começaram com o ato de colar em uma prova. O caso revoltou a família no Japão.
Segundo uma reportagem da Emissora Fuji, era um dos exames finais do ano de 2021, na escola privada Seifu Koukou, na província de Osaka. O estudante, que não teve o nome revelado, foi pego no flagra enquanto copiava as respostas de um colega.
O que poderia ter acabado com uma repreensão simples e nota baixa por parte dos professores, se transformou em um espetáculo não muito diferente do que acontece quando alguém é acusado de cometer um crime.
O garoto passou quase quatro horas sendo interrogado por diversos professores, que queriam saber as circunstâncias, o que levou ao ato e se ele estava consciente sobre o erro que cometeu e a grande problemática de colar em uma prova.
O caso sofreu uma escalada de tensão, repreensão e julgamentos até que um professor disse ao aluno que o ato era de uma “extrema covardia” e que não pararia ali. Ele reforçou que colar na prova era algo que só um covarde seria capaz de fazer.
O aluno voltou para a casa neste dia impactado com a ideia de ser um covarde e com o psicológico muito abalado. Ele foi encontrado morto dois dias depois do incidente e deixou uma carta com as seguintes palavras:
“Eu descobri que tenho mais medo de viver sendo visto e tratado como um covarde por todos do que tenho medo de morrer”.
A escola também tinha imposto um castigo excessivo ao aluno por ter colado na prova: ele teria que copiar uma série de frases à mão durante 8 dias. Cada volume escrito levaria uma hora e ele teria que totalizar 80 cópias neste período.
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Como a família reagiu
A família ficou transtornada, confusa e revoltada com o que aconteceu com o filho e acabou levando ao ato de suicídio. Os pais consideraram que os professores foram longe demais na maneira de orientar e punir o aluno e tiveram reações exageradas.
Como se trata de uma escola privada, o processo foi protocolado contra a direção nesta semana. As audiências serão realizadas no Tribunal de Osaka e a família está exigindo uma indenização de ¥100 milhões.
Em uma coletiva de imprensa, a mãe comentou sobre a dor de perder o filho e a incompreensão sobre o caso.
“Por que o meu filho teve que escolher a morte, será que a escola não tem responsabilidade por isso? Enquanto enfrento a minha dor, penso muito no que aconteceu e não consigo compreender. Ele morreu e a escola não teve nenhum impacto, isto também me deixou entristecida”, desabafou.
Ela também falou sobre a motivação de levar o caso para a justiça.
“As escolas não podem orientar os alunos de tal forma que provoque suas mortes. Eu vou lutar por uma sociedade em que outros jovens não passem pelo mesmo que o meu filho passou. Eu quero que esse assunto seja pensado e discutido e por isso estou levando ao tribunal”.