Tóquio – “Eu sou o dono da empresa! Como você pode recusar? Se a gente não sair para jantar e beber, vou cortar o próximo bônus”.
Era assim que Junta Shouji, de 39 anos, se comportava com suas funcionárias. O japonês é o dono de uma empresa de call center (atendimento por telefone) instalada em Tóquio e as funcionárias, duas jovens na faixa de 20 anos, acabaram ouvindo ameaças, insistência, desrespeito e uma série de abusos verbais que terminaram em estupro no quarto de um hotel.
As vítimas demoraram para contar a história e buscar ajuda. Só depois de desabafar com outra pessoa é que conseguiram agir e denunciar. Junta foi preso pelo crime que cometeu em abril desse ano, na cidade de Tachikawa, em Tóquio.
“Os dias passam e eu estou com tudo na minha memória e isso se tornou um trauma. Só de ver o nome dele eu fico agitada, nervosa, entro em pânico”, disse uma das vítimas.
O caso começou com provocações no ambiente de trabalho, até que Junta conseguisse o que queria: marcar um encontro com as funcionárias e executar um plano que pode ter sido planejado desde o início.
Essa história foi contada nos detalhes por uma reportagem da emissora Fuji TV.
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A confraternização no bar
Depois de se sentirem pressionadas pelo dono da empresa onde trabalhavam, as duas funcionárias concordaram em jantar e beber com ele. Era uma confraternização que envolvia também outro funcionário da empresa e os quatro acabaram em um bar em uma noite.
Era abril deste ano quando o incidente aconteceu. De acordo com o relato das vítimas, no começo estava tudo normal. Os quatro jantaram e conversaram, mas quando chegou o horário do último trem, as duas jovens disseram que queriam voltar para a casa e não podiam perder o trem.
Foi então que Junta reagiu, impedindo suas funcionárias de ir embora:
“Nós estamos finalmente reunidos aqui, vamos aproveitar. Não dá para voltar para a casa agora, depois eu arrumo um hotel para vocês”.
Elas acabaram concordando e os quatro foram para outro lugar, desta vez um bar. Eles se acomodaram em uma mesa e Junta propôs uma brincadeira, um jogo de palavras no qual o perdedor deveria beber mais.
O objetivo parecia apenas fazer as duas funcionárias beber o máximo possível.
“Esse dia foi terrível, porque mesmo quando a gente ganhava, ele insistia e nos fazia beber mais. Teve um momento que eu pedi uma água e ele me entregou um copo com um líquido transparente, era mais álcool”, contou uma das vítimas.
E a outra vítima completou: “ele me fez beber demais e quando eu já estava me sentindo mal e queria parar, ele mandava beber mais”.
Quando ficou tarde e as duas colegas de trabalho já estavam suficientemente bêbadas, Junta e o outro funcionário caminharam com elas até o hotel. O outro homem se despediu e foi para a casa e o presidente da empresa levou as duas mulheres para um quarto.
“Eu fui inocente, pensei que se fossem só nós dois não íamos ficar no mesmo quarto de jeito nenhum, mas éramos três pessoas. Eu tentei me tranquilizar, era muito tarde, tínhamos bebido muito e eu achei que ele não faria nada”, disse a primeira vítima.
Elas estavam bêbadas, mas estavam conscientes e não queriam nenhum envolvimento com o chefe. Quando chegaram no quarto, ele assediou e atacou uma das mulheres e logo depois, investiu em cima da segunda.
‘Só de ver ele tenho vontade de vomitar e dor de estômago. Passei muitos dias sem conseguir comer depois do que aconteceu”, contou a segunda vítima.
As duas acabaram violentadas no quarto e sem forças para resistir, embora tenham tentado impedir o homem de se aproximar. Elas só conseguiram contar o que aconteceu recentemente e ele foi preso na última semana.
“Eu estou traumatizada e muito furiosa. O pior de tudo é que ele não tem consciência nenhuma de que fez algo cruel e inaceitável e este é o maior dos problemas”, disse a primeira vítima.
Elas também mostraram preocupação com a possibilidade de não serem as únicas vítimas e descobrirem que outras mulheres acabaram violentadas pelo mesmo homem.
De acordo com a investigação da polícia, Junta confessou que de fato esteve com as funcionárias no quarto do hotel, mas disse que “houve consentimento” e negou as acusações de violência sexual.