Tóquio – Não é de hoje que a terceira idade no Japão preocupa aqueles que ainda não chegaram lá. Os valores de aposentadoria costumam ser incompatíveis com as despesas e investir em uma poupança para a velhice é um ato de sabedoria.
Mas qual será o déficit financeiro em uma fase da vida em que a renda vem da previdência? É preciso pensar em valores e também na possibilidade de viver sozinho, o que é uma realidade para muitos idosos no Japão.
Srgundo os dados do Ministério dos Negócios Internos e Comunicações de 2020, um em cada cinco idosos acima de 65 anos vive sozinho. Os dados mostraram tendência de aumento com relação a pesquisa anterior e de toda a população idosa do Japão, 2,3 milhões de pessoas são homens e 4,4 milhões são mulheres e a longevidade é maior para elas.
Mas ter qualidade de vida nesta faixa etária pode ser um desafio. O Relatório de Pesquisa de Finanças Domésticas do governo japonês, de março de 2021, mostra que cada idoso com mais de 65 anos e que vive sozinho tem um déficit financeiro de ¥9.402 por mês.
Segundo o planejador financeiro Yasunori Kawate, que escreveu um artigo sobre este tema para o portal All About, é preciso considerar este déficit mensal para chegar em uma margem de economia necessária para viver bem na terceira idade.
“A pesquisa considera que um idoso que vive sozinho gasta 27,4% da renda com alimentação e 11,6% com atividades de lazer. Resolver o déficit faz com que seja necessário economizar de algum lado, mas é difícil. Não é possível cortar a alimentação e o lazer é fundamental para o bem-estar”, comentou.
Pode parecer fácil reduzir a despesa com lazer, mas Yasunori garante que não. Os idosos que vivem sozinhos costumam ser solitários e precisam manter a comunicação ativa e o bem-estar social. O dinheiro investido com as atividades que promovem interações humanas acaba sendo essencial.
Mas voltando para a matemática, os valores que precisam ser adquiridos antes mesmo de entrar na terceira idade é na casa dos milhões.
“Se há um déficit de ¥9.402 mensais e a estimativa é que um homem de 65 anos viva mais 19.97 anos e uma mulher da mesma idade viva mais 24.88 anos, isto significa que o homem precisa garantir uma poupança de pelo menos ¥2,25 milhões e a mulher de ¥2,8 milhões, além da renda da aposentadoria”, explicou.
Estes são valores interessantes para se ter como meta, mas logicamente há muitas variáveis que não podem ser ignoradas e podem alterar as quantias para mais ou para menos de acordo com a realidade individual de cada um.
“Isto é baseado nas médias, mas é claro que cada pessoa tem suas circunstâncias individuais. O estilo de vida, se tem casa própria ou vive de aluguel, as condições de saúde, tudo isto modifica os valores”, explicou.
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Poupar para o futuro
A ideia de se aposentar ainda é distante da realidade do trabalhador jovem, mas é um caminho inevitável. Quem se preocupa com isto mesmo quando a terceira idade ainda está distante, consegue garantir um futuro mais confortável e seguro.
Yasunori indica o investimento em algum sistema de aposentadoria privada ou de poupança. Há dois sistemas populares que vêm atraindo cada vez mais a atenção de quem quer fazer planos concretos para o futuro: o iDeCo (イデコ) e o Tsumitate NISA.
“Estes sistemas permitem guardar dinheiro a longo prazo para completar a aposentadoria. Há a opção de bloquear o dinheiro para que não seja utilizado antes dos 60 anos de idade ou construir esses recursos de forma livre, sendo possível sacar se assim desejar. Há vantagens e desvantagens em cada um deles”, contou.
O importante é planejar o futuro e pensar em ter recursos quando não for mais possível realizar atividades laborais. Para os brasileiros no Japão, que estão acostumados com as vagas nas fábricas, as dificuldades podem aparecer até mesmo antes dos 60 anos, quando há desgaste físico por causa do trabalho ou menos vagas disponíveis.
Independente de decidir passar a velhice no Japão ou retornar ao Brasil, o planejamento a longo prazo só tem benefícios a oferecer, ainda quando o futuro é incerto.