Tóquio – A Deloitte Tohmatsu Financial Advisory (DTFA), uma empresa de consultoria financeira de porte grande no Japão e com atuação global, atraiu as atenções da mídia japonesa depois que uma funcionária na faixa de 30 anos morreu repentinamente.
A funcionária, chamada de “A”, exercia um cargo de chefia. De acordo com o portal Bunshun Online, ela era vice-presidente do Departamento de Consultoria e Reestruturação Global.
“A” foi contratada na empresa, que é ligada à Deloitte Touche Tohmatsu Limited de Nova Iorque, quatro anos antes.
Na época, trabalhava em uma rede de restaurantes e cursava um MBA em uma faculdade privada ao mesmo tempo. Ela saiu do restaurante para entrar na empresa e três anos depois, conseguiu uma promoção.
A notícia do óbito foi dada aos colegas de trabalho no dia 18 de junho, com três semanas de atraso.
Em uma reunião online do departamento, a diretoria comunicou aos colegas de que a vice-presidente tinha morrido no fim do mês de maio.
Um funcionário da empresa que não se identificou falou ao Bunshun Online sobre a situação interna.
“Ela passava a impressão de ser uma pessoa tranquila e muito séria com o trabalho. No verão do ano passado, se tornou responsável pela reestruturação dos negócios em uma área regional. Depois disso, sofreu um problema de saúde e se ausentou por um tempo. Quando ela voltou este ano, não fez uma reclamação sequer”, relatou um colega.
“A” ficou inacessível no fim de maio e a mãe foi até a casa dela para verificar a situação. A funcionária foi encontrada morta na residência. Não foi revelado detalhes sobre o óbito.
Depois disto, a empresa ocultou a informação do óbito por três semanas. Houve suspeitas de que a morte estava relacionada com questões como assédio moral e excesso de trabalho. O departamento temeu que o caso afetasse o serviço relativo à ajuda do governo para a continuidade dos negócios na pandemia, que a empresa vem prestando para fiscalizar os empreendimentos que receberam o benefício.
Leia também: Ex-funcionário faz acordo com rede Lawson depois de processo por trabalho precário: “era um escravo”
Morte repentina da funcionária não foi a única
Um ano antes, “B”, outro funcionário da mesma empresa, morreu repentinamente. Ele era do mesmo departamento de “A”. Era um homem na faixa de 40 anos, que sofreu uma insuficiência cardíaca.
O departamento tem 60 membros e ‘B” era um colega muito próximo e querido da funcionária que morreu este ano, segundo o relato do funcionário entrevistado.
Ele contou que as jornadas de trabalho são formalizadas em 7 horas, mas há funcionários que não dormem direito para trabalhar em relatórios e elaborar dados de clientes.
“A empresa tem noção da carga horária por causa do controle feito através das informações de login dos computadores. Mas fingem não ver os casos de excesso de trabalho”, disse.
Um familiar de “B” acredita que questões relacionadas ao trabalho provocaram o problema de saúde que levou a óbito.
“Acho que a morte dele foi por excesso de trabalho. “B” era um homem que não bebia, mas voltava para a casa muito tarde todos os dias. Esta situação persistiu por dois anos inteiros”, contou.
A empresa se manifestou sobre as mortes.
“Sobre a morte da funcionária, respeitamos a vontade da família e por isto ocorreu o atraso em comunicar os colegas sobre o óbito. Nós vamos realizar uma investigação interna, conduzida por especialistas de fora da coorporação, para verificar se houve relação com as atividades de trabalho”, disse um representante.
Sobre o óbito de “B”, a direção da DTFA não confirmou a causa.
“Nós não reconhecemos que “B” tenha morrido por causa das condições ou envolvimento de trabalho. Porém, reconhecemos a necessidade de verificar as condições de saúde e segurança dos funcionários, monitorar as horas de trabalho e o desgate pelas atividades. Vamos trabalhar para melhorar isto”, declarou.
A empresa parece precisar de uma consultoria para efetivar melhorias no ambiente dos trabalhadores.