Tóquio – A longevidade é uma das marcas do Japão e os registros do governo mostram que o país se supera a cada ano no quesito vida longa e população de idosos centenários.
De acordo com o Registro Básico de Residentes em todo o país, até o dia 1° de setembro, mais de 86 mil idosos tinham completado mais de 100 anos. E não é só isso: o número total de centenários superou os dados do ano anterior e bateu um novo recorde pelo 51° ano consecutivo.
Em comparação com os dados do ano passado, o crescimento da população centenária foi de 6.060 pessoas.
O dado é positivo e merece comemoração, mas acentua uma das questões primordiais do país: o envelhecimento populacional. Em abril deste ano, os dados do Ministério dos Negócios Internos e Comunicação indicaram mais uma baixa no número total de crianças.
Neste ano, a população com menos de 15 anos ficou em 14,93 milhões, uma queda de 190 mil com relação ao registro de 2020. Há 40 anos, o Japão registra um recorde negativo no número de crianças. A proporção de crianças na população japonesa é de 11,9% e está em queda há 47 anos.
Mas os centenários trazem orgulho ao país. A mulher mais velha do mundo é Kane Tanaka, natural de Fukuoka e de 118 anos. O homem mais velho do Japão é Mikizu Ueda, de 111 anos. Ele vive em lar de idosos na cidade de Nara.
Fukuoka e Nara são as origens das pessoas mais velhas do país, mas não estão no topo do ranking de centenários. A província com mais centários é Shimane, que possui 134.75 idosos acima de 100 anos para cada 100 mil habitantes. O troféu do registro da longevidade está com Shimane há 9 anos.
Na sequência está Kochi, com a proporção de 126.29 para cada 100 mil habitantes, seguido por Kagoshima, com o registro de 118.74.
Há 32 anos consecutivos, Saitama é a província com menos centários na população por 100 mil habitantes ( cerca de 42.4), seguida por Aichi (44.42) e Chiba (49.12).
Outro dado interessante, revelado pelo governo e divulgado pela emissora NHK é sobre a população que completa 100 anos neste ano fiscal, que termina no fim de março de 2022.
São 43.633 pessoas prestes a se tornar centenárias, incluindo estrangeiros com residência permanente no Japão e japoneses que vivem no exterior. Para comemorar, o Ministério da Saúde costuma enviar um presente aos residentes que atingem a idade de três dígitos.
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Os centenários mais velhos do país e do mundo
Um dado que chama atenção é relativo ao fato de que há muito mais mulheres centenárias do que homens. Dos 86 mil idosos nessa faixa etária, cerca de 88% (76 mil) são mulheres enquanto que apenas 10 mil são homens.
Embora Kane Tanaka seja a mulher mais velha do mundo aos 118 anos, Mikizu Ueda, com 111 anos, é o mais velho do Japão. O homem mais velho do. mundo, reconhecido pelo Guinness World Records, é o porto-riquenho Emilio Flores Márquez, de 112 anos.
No último dia 13, Kane Tanaka, que também vive em um lar de idosos, recebeu flores em celebração ao fato de ter sido reconhecida pelo Guinness como a mulher mais velha do mundo. A idosa, nascida em 1903, recebeu uma mensagem do prefeito, desejando que ela continue vivendo com bastante saúde.
Kane não pode encontrar os familiares por causa da pandemia do coronavírus e tem tomado cuidados extras para evitar o contágio. Segundo a NHK, ela diz que tem como meta viver com bastante saúde até os 120 anos.
E saúde podia ser o sobrenome de Mikizu Ueda. O homem mais velho do Japão nasceu em maio de 1910. Na instituição onde vive, ele é reconhecido como uma pessoa ativa e alegre.
Mikizu faz reabilitação e gosta de passar tempo cantando. Suas refeições também são completas. Questionado sobre o segredo de sua longevidade, Mikizu respondeu com muita simplicidade:
“Eu nunca pensei que me tornaria o homem mais velho do Japão e estou animado para acumular mais idade. Acho que o segredo da longevidade é se adaptar as mudanças, seguir o fluxo da vida com tranqulidade”, revelou.
Os cuidados com Mikizu também foram reforçados por causa da pandemia. No lar de idosos de Nara, há medidas constantes de desinfetação e medição de temperatura. Os novos internos ficam duas semanas isolados em um andar particular para eles até que possam se juntar aos outros.