Tóquio – Ao lado da AIDS, a sífilis é provavelmente uma das piores doenças transmitidas através do sexo. Provocada pela bactéria treponema pallidum, a doença se manifesta inicialmente com feridas e caroços indolores nas genitais, que desaparecem em algumas semanas e sem deixar marcas.
No entanto, o agente patogênico continua no organismo do hospedeiro e a doença avança silenciosamente. Se não for descoberta e não houver tratamento, o paciente pode ver o quadro evoluir com o passar dos anos e acabar indo a óbito por complicações que afetam o cérebro e o coração.
Quem fez este alerta foi a professora Harue Okada, da Universidade Hakuoh em Tochigi. Okada falou sobre a sífilis em um artigo do Portal Post Seven. A doença é antiga, mas ao lado do coronavírus, tem causado preocupações de saúde no Japão.
O país vem registrando um aumento repentino dos casos. Segundo os dados do Intituto Nacional de Doenças Infecciosas, no fim de 2020, 1555 casos foram notificados no arquipélago. Um ano depois, no fim de 2021, o número já havia aumentado para 2262.
E estes são apenas os casos notificados, muitos de meninas na faixa de 20 anos. Como a doença avança lentamente e sem muitos sintomas, provavelmente há muitas pessoas infectadas sem saber.
“É uma DST transmitida quando a bactéria entra em contato direto com a pele e a membrana mucosa. Há um risco de 30% de contágio ao ter uma única relação sexual com um infectado. O uso de preservativo diminui o risco, mas é possível transmitir pelo sexo oral e até mesmo pelo beijo se houver alterações na boca”, alertou Okada.
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Tratamento e complicações da sífilis
A doença é assustadora e tem um longo histórico. No Japão, costumava ser chamada de “doença do distrito da luz vermelha” (Karyu-byo), em referência ao bairro noturno Kabukicho em Shinjuku, na capital japonesa. “A sífilis era fortemente associada aos prostíbulos e cabarés”, explicou Okada.
Em 1910 e durante um intercâmbio na Alemanha, o bacteriologista japonês Sahachiro Hata fez uma incrível descoberta que ajudou na cura da sífilis, com o desenvolvimento do antibiótico penicilina e o medicamento salvarsan. A doença passou a ser curada desde que o paciente descobrisse precocemente e encaminhasse o tratamento.
“O problema é que os sintomas iniciais desaparecem naturalmente e o paciente pode cometer o equívoco de achar que está curado. Mas o agente patogênico se reproduz no organismo e em condição assintomática. Sem saber da doença, há um atraso no tratamento e isto pode permitir que ocorram as complicações”, disse.
A melhor forma de combater a sífilis é realizar exames caso haja qualquer suspeita e descobrir a doença com agilidade para iniciar o tratamento e evitar o contágio de outras pessoas.
“O exame pode ser feito em qualquer hospital ou centro de saúde. Se tiver alguma suspeita, não deixe de verificar o mais rápido possível. E se você fizer o tratamento e se curar, mas manter relações com um parceiro que não está curado, é possível pegar a bactéria mais de uma vez”, alertou.
A situação atual de aumento de casos no Japão é algo fora do comum e por causa da alta capacidade de transmissão da sífilis, é preciso ter cuidado com as relações sexuais e manter os exames em dia.