Sendai – Um dos desastres naturais mais devastadores do Japão, o terremoto e tsunami de Tohoku, completou mais um aniversário. Todo ano, 11 de março é um dia para prestar homenagens, relembrar as vítimas e pensar em prevenção.
Há 13 anos, mais de 18 mil pessoas perdiam as suas vidas entre as províncias de Miyagi e Fukushima. O terremoto que chegou a 9 graus na escala Richter desencadeou um tsunami e um desastre nucelar na Usina de Fukushima, que até hoje enfrenta as consequências.
A tragédia deixou um saldo de 15.900 mortos e 2.520 desaparecidos que nunca foram localizados. Entre tantas vidas perdidas está o caso inesquecível e revoltante de uma escola que acabou devastada.
A Escola Primária de Okawa, na cidade de Ishinomaki, perdeu 74 crianças e 10 professores atingidos pelo tsunami. O caso gerou não só tristeza. mas também revolta, pois poderia ter sido possível salvar as crianças e funcionários caso os responsáveis tivessem evacuado imediatamente.
A triste história da escola foi relembrada em uma reportagem da Emissora Fuji. Depois do terremoto que trouxe danos ao prédio, as crianças ficaram abrigadas na escola e os professores e responsáveis discutiram se deveriam ou não evacuar para a colina logo atrás do terreno.
A preocupação com pedras e obstáculos no caminho das crianças fez com que hesitassem. Algumas crianças que tentaram fugir para a colina por conta própria tiveram que retornar pela ordem dos professores e algumas até imploravam para que pudessem fugir porque acreditavam que morreriam caso ficassem.
E essas crianças estavam certas. A confusão de informações fez até com que alguns pais que vieram buscar os filhos fossem convencidos a ficar na escola porque o local seria “mais seguro”. Uma mulher chegou a mandar mensagem ao marido dizendo que estava na escola com o filho do casal. Ela e a criança acabaram morrendo com a vinda do tsunami.
As escolas no Japão normalmente servem de refúgio em momentos de desastre naturais e servem de abrigo para a população, o que pode ter contribuído com a ideia de que aquele seria um local seguro.
Mesmo assim, 40 minutos depois do terremoto, professores, crianças e civis que buscaram refúgio na escola decidiram que seria melhor evacuar para a colina por causa do risco iminente do tsunami e a localização desfavorável da escola.
Algumas crianças e professores correram e se salvaram, mas a maioria foi engolida pela enorme onda que atingiu o local instantes depois. O caso teve um desfecho nos tribunais. Um processo contra a prefeitura local e que resultou em trilhões de ienes de indenização para a família das vítimas.
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Tsunami de Tohoku e a escola hoje
O tempo perdido com discussões, dúvidas e hesitação foi precioso e crucial para salvar as crianças e professores da enorme onda que se aproximava. O tsunami de Tohoku não podia ser evitado, mas um pouco mais de preparo teria sido o suficiente para salvar todos que estavam na escola.
Hoje em dia, a escola se tornou um local de treinamento para desastres, consciência, reflexões e palestras que focam em prevenção e na segurança da comunidade escolar em um caso de desastre natural.
Este 13 de março foi um dia para homenagear as vidas perdidas e refletir sobre o que pode ser feito no futuro para salvar a população em uma área de desastre natural e garantir a segurança do maior número de pessoas possível.
Essa discussão é eterna no Japão e a cada ano e cada aniversário de uma grande tragédia, o país busca se fortalecer e olhar para o futuro com mais preparo.