Tóquio – É comum que muitas crianças tenham acesso aos smartphones dos pais ou usem tablets em casa, principalmente para assistir conteúdo infantil, vídeos no Youtube, desenhos animados e games. O que os pais muitas vezes não percebem é a facilidade de fazer compras dentro de muitos aplicativos que são baixados gratuitamente.
A criança começa a jogar sem nenhum custo, mas em algum momento uma mensagem aparece na tela: é possível comprar pacotes de moedas virtuais e benefícios dentro do game, variando de quantias pequenas até grandes vantagens por um custo financeiro mais alto. E, em muitos casos, basta apertar um botão, concordar com a compra ou digitar a senha para pagar.
Isto tem causado um alto prejuízo e problemas para muitas famílias no Japão. Segundo uma reportagem da Emissora NST de Niigata, o Centro de Proteção ao Consumidor do Japão (Kokumin Seikatsu Center em japonês) tem registrado numerosos casos e pedidos de ajuda todos os anos.
Em 2022, foram cerca de 4 mil casos de consultas de adultos que passaram por isto em casa. Entre abril de 2023 e janeiro de 2024, já havia mais de 3 mil registrados. E muitas vezes os casos não envolvem quantias pequenas: 6,5% das consultas eram de pessoas cujos filhos gastaram mais de ¥1 milhão em aplicativos sem o consentimento dos pais.
O Centro informou ainda que a média de gasto é de ¥330 mil. Os casos são assustadores e o reembolso pode ser incerto. Para evitar transtornos financeiros e dor de cabeça, muitas pessoas já estão tomando algumas providências.
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Como prevenir compras por apps de games
A reportagem perguntou para algumas pessoas nas ruas de Niigata e descobriu que muitas famílias com filhos já estão tomando providências. Uma das principais causas do problema é que os filhos sabem a senha de acesso aos aplicativos e muitas vezes também tem acesso ao cartão de crédito dos pais. Eles podem pagar automaticamente na plataforma dos games e outros aplicativos se o cartão estiver salvo, ou digitar as informações quando os pais não estão por perto.
Uma mulher disse que toma muito cuidado com as senhas em casa.
“Eu cuido muito para que ele não veja quando digito as senhas ou utilizo senhas bem longas e complicadas que ele pode até ver, mas não terá como memorizar. Eu também tomo o cuidado de mudar as senhas uma vez por mês”, disse.
Outra mãe contou que não deixa seus cartões salvos para compras automáticas. É uma praticidade, mas quem tem crianças em casa pode enfrentar esse risco de compras e pagamentos indesejados.
“Se cadastrar o cartão de crédito, é possível concordar com uma compra com apenas um clique. Para evitar isso, eu deixo sempre essa opção desativada, controlo as configurações, cuido muito bem do cartão e se precisar comprar algo online, só digitando os dados manualmente”, disse.
Essas são algumas recomendações para prevenir. O Centro também alertou para não deixar as crianças mexerem em celular e tablet se o pai ou a mãe estiver logado na conta. É importante também configurar senhas para confirmar pagamentos e não deixar que os filhos descubram. Instruir as crianças para as regras de uso dos aparelhos e aumentar a consciência sobre a falta de permissão para compras nos aplicativos também pode ajudar.
No caso da Apple, há um site para reportar problemas: veja aqui. O usuário pode pedir o reembolso de qualquer aplicativo comprado recentemente e entre os motivos, pode informar que a compra foi feita por uma criança e sem autorização. Os reembolsos são processados em alguns dias.