Suzu – O Japão vive um vai e vém de desastres naturais, ondas de destruição e a força das cidades para reconstruir e recomeçar. A Península de Noto, na província de Ishikawa, passou por uma série de fortes tremores no primeiro dia do ano e historicamente, a região já teve que lidar com outras tragédias parecidas.
Em março de 2007, um terremoto de magnitude 6.9 e 11 quilômetros de profundidade abalou a Península de Noto e provocou grandes danos nas mesmas cidades. Em Nanao, Wajima e Anamizu, um tremor de 6 graus de intensidade na escala japonesa (que vai até 7 graus) foi sentido e deixou uma onda de feridos e danos.
De acordo com os dados da emissora estatal NHK, uma pessoa morreu, mais de 300 ficaram feridos e 609 construções desabaram por completo com o terremoto de 2007. Um total de 12.326 estruturas de casas e prédios acabaram danificadas na época.
O terremoto ocorrido há 10 dias foi ainda mais intenso e não se limitou a um único tremor. O saldo até agora é de 213 mortos, 37 desaparecidos e por enquanto, mais de 5.000 construções danificadas. Os números tem aumentado a cada dia com os novos registros. Na cidade de Suzu, 98 pessoas morreram e em Wajima, foram 83 mortos.
Na cidade de Anamizu, houve 20 vítimas fatais, sendo que 10 delas eram da mesma família. Eles estavam reunidos depois da comemoração de ano novo e o terremoto mais forte provocou um deslizamento de terra que acabou soterrando a residência.
Apenas um homem da família, pai de quatro jovens que morreram na tragédia, sobreviveu por não ter conseguido participar da comemoração de ano novo por causa do trabalho. Ele perdeu a esposa, os filhos, os sogros e irmãos da mulher.
Saiba mais sobre esse caso aqui: A triste história do homem que perdeu a esposa, os 4 filhos e outros membros da família no terremoto de Ishikawa: “não vou desistir por eles”
A destruição e a necessidade de reconstruir
Uma reportagem da Emissora Fuji mostrou a destruição em Monzen, um bairro tradicional da cidade de Wajima. O distrito comercial tem 400 anos de história e tinha sido abalado pelo terremoto ocorrido há 17 anos.
O repórter da Fuji, Takuya Kimura, contou ao vivo que os moradores e comerciantes locais estão bastante abalados. Não sabem o que fazer diante de um novo desafio de reconstruir e recomeçar.
“Eu conversei com alguns moradores e um deles disse que no terremoto de 2007 a cidade foi de 10 para 5 e foi preciso muitos anos de trabalho e reconstrução para que chegasse ao “10” mais uma vez. Agora, a cidade foi de 10 para 1 e o sentimento é de tristeza e desilusão”, comentou.
Os japoneses vão se esforçar mais uma vez para reerguer as construções que desabaram com o forte terremoto, mas um novo desastre pode acontecer na Península de Noto em um curto ou longo prazo.
O preparo para desastres
Não é possível prever um terremoto e para se proteger, moradores precisam estar treinados com as medidas de segurança, kits de emergência e conhecimento sobre as rotas de fuga para os abrigos. Mesmo assim, as tragédias acontecem de repente, casas desabam e muitas mortes acontecem em poucos minutos, sem que seja possível fazer nada.
Quem vive no Japão deve estar sempre atento para a realidade dos desastres e não negligenciar os avisos e instruções de segurança para um momento de grande tragédia. Vale a pena participar de treinamentos, conhecer as rotas de fuga mais próximas e fixar móveis em casa para que objetos pesados não desabem com o impacto dos tremores.
Outra medida importante é ter um estoque de água e alimentos para situações de emergência. Após um desastre, é comum ficar sem água e luz e a possibilidade de fazer compras em mercados se torna restrita.
Desastres como o de Ishikawa ou mesmo o Grande Terremoto e Tsunami de Tohoku em 2011, podem acontecer a qualquer momento e em qualquer região do país.